A Trilha Inca Clássica é considerada uma das 10 melhores do mundo, são 43km. em 4 dias. De todas as formas de se chegar a Machu Picchu esta é a mais emocionante e intensa, mas também a mais cara, já que é necessário ir com agência, guias experientes e porteadores. Pacote de 5 dias e 4 noites aproximadamente R$5.000,00 (dependendo do que a agência oferecer), por pessoa, sem aéreo, saco de dormir cobrado separado e se necessitar de porteador para levar a mochila também haverá um extra.
SÁBADO
Às 8h.30 o ônibus aguardava na Plaza de Armas, eramos 9 turistas ( 2 inglesas, 1 italiano, 1 casal de austríacos, 1 espanhol, 1 argentina, eu a Paula, mais 2 guias e os carregadores.
CUSCO / CHINCHERO – 3.760m. a.n.m. – distância de 30km., 40 minutos de viagem e paramos para colocar as barracas no ônibus.
CHINCHERO / OLLANTAYTAMBO – 2.792m. a.n.m.
Parada para uso de banheiro, compra de cajado (S/5,00), chá de coca (s/3,00). Saímos às 11h., o trajeto começou a ficar mais difícil, estrada de terra estreita sempre paralela ao rio e via férrea, plantações de quínua, milho, trigo, batata, casas de adobe. Na próxima parada descemos e aguardamos o almoço. Foi servido em uma mesa ao ar livre, uso do banheiro (S/2,00). Apareceram as vendedoras: água, tiras para prender os isolantes na mochila, chapéu. O guia nos informou que o dia seria “muito leve”. Decidimos levar as mochilas apesar de estarem volumosas, os sacos de dormir para baixas temperaturas eram pesados e tomavam metade da mochila.
OLLANTAYTAMBO / PISKCACUCHO – 2.750m. a.n.m. – km.82 da via férrea, início da trilha. Passamos por uma cancela de controle, uma ponte suspensa, sempre com a montanha Verônica observando tudo.
PISKCACUCHO / LLACTAPATA – 2.650m. a.n.m. – de Piskcacucho a Llactapata foram 5km.
LLACTAPATA / WAYLLABAMBA – 3.000m. a.n.m. – percurso de 7km. , nossas mochilas começaram a pesar muito, a altitude também estava fazendo com que o cansaço fosse maior, apesar da ajuda do cajado foi muito difícil, decidi que no dia seguinte iria providenciar a remessa das mochilas pelos carregadores, o dia seria mais difícil que o primeiro.
WAYLLABAMBA / WARMI WAÑUSQA – 4.215m. a.n.m. – passamos às 11h.20 pelo local de maior altitude.
Pacasmayu – finalmente o acampamento. Estávamos completamente exauridas. Procurei o guia Javier e contratei para os próximos dias um porteador para levar as mochilas. Tomamos posse de uma barraca, não havia local para banho, o “sanitário” era um buraco no chão, com duas tábuas atravessadas, cercado por um encerado. Acomodamos as mochilas e saímos para o jantar. O frio foi ficando insuportável, o jantar foi servido à luz de lampião, mas estava tão frio que a austríaca resolveu dormir sem jantar. Naquela noite vimos um céu maravilhoso, muito estrelado e limpo.
DOMINGO
Acordamos às 6h. com duas canecas de chá de coca invadindo a barraca. Lavamos o rosto e escovamos o dente com água mineral, economizando bastante, pois não havia aonde comprar mais durante o dia. Após um desayuno de mingau de aveia, pão, margarina, geleia, chá e panquecas, saímos para a caminhada, sabíamos que esse dia iria ser bastante puxado. Os porteadores ficaram desmontando o acampamento e logo nos alcançaram, alguns levam botijões de gás e mais algumas tralhas, é incrível o que esses pequenos homens conseguem levar nas costas.
ACAMPAMENTO PACAYSAYU / PASO DA MULHER MORTA – 4.215m. a.n.m. – Na metade do caminho, olhando para trás observa-se que saímos de um vale profundo, mas que ainda falta muito para chegar ao final. Só subida, caminhada de aproximadamente 5h., os últimos 500m. parece o final de uma maratona, todos chegam transtornados de cansaço e falta de ar, a Paula foi a primeira mulher a chegar dentre todos os grupos que estavam subindo (cheguei em segundo), além da falta de ar, como em todo o trajeto existem degraus o joelho dói. aqueles que chegam primeiro ficam esperando os demais com palavras de entusiasmo. A Trilha Inca uma vez iniciada não tem como voltar atrás, não tem como parar seja como for tem de ir até o fim. É o grande desafio!
PASO DA MULHER MORTA / VALE DE PACASMAYO – 3.500m. a.n.m. – depois de descansados e parcialmente refeitos, começamos a descer, agora os joelhos vão sentir mais ainda, o auxílio do cajado é fundamental. São degraus e mais degraus, 1h.30 de descida íngreme até o Vale de Pacasmayo.
Chegando ao acampamento já estava bastante frio, não havia chuveiro com água quente, apenas dois chuveiros com água que descia das montanhas….. resolvemos encarar… foi difícil, mas o resultado ótimo, nos sentimos bem melhor afinal no dia anterior não havia nem chuveiro frio. O almoço ficou pronto às 15h., depois do banho frio, a sopa engrossada com uma espécie de fubá e fumegante caiu muito bem, arroz, batata e um ensopado de carne, finalizando com um chá. Às 17h. o lanche: chá, pipoca, bolacha, massa frita e jantar às 19h., só tomei a sopa, era muita comida para um só dia. Mesmo com atraso eles fazem questão de servir todas as refeições previstas em contrato. No local não há venda de água, eles fervem alguns caldeirões e distribuem para o pessoal, acrescentei cloro, achei meio duvidoso, a água estava com um gosto muito ruim. Apesar do dia ter sido puxado estávamos em melhores condições do que no dia anterior, quando as mochilas nos deixaram com muita dor nas costas.
SEGUNDA FEIRA
VALE DE PACASMAYO / RUNKURAKAY – 3.760m. a.n.m. – como dormíamos muito cedo, sempre acordávamos antes que a caneca de chá de coca invadisse a barraca. Lavamos o rosto e escovamos os dentes em uma água de bica, terrivelmente gelada. Saímos às 7h.30 logo no início uma subida acentuada até a circular construção de Runkurakay, 40 minutos só de escada. A partir do terceiro dia a trilha percorrida é a original Inca.
RUNKURAKAY / CONCHAMACHA – ruinas de Conchamacha às 10h.
CONCHAMACHA / SAYAQMARKA – 3.625m. a.n.m. – trecho em declive chegamos as 10:15h.
SAYAQMARKA / CHAQUIQOCHA – parada para almoço às 11h. Salada de pepino com tomate, arroz com azeitonas, batata cozida, batata refogada, bolinho de arroz, almôndegas com molho, e chá. Em nossas garrafas só tínhamos disponível a água fervida fornecida no acampamento anterior.
CHAQUIQOCHA / PHUYUPATAMARKA – 3.650m. a.n.m. – às 13h.40, trajeto foi com pouca subida, mas com muitos despenhadeiros e algumas grutas.PHUYUPATAMARKA / WIÑAYWAYANA – chegamos ao alojamento às 16h., agora com mais recursos, chuveiro quente (pago), restaurante com bebidas geladas, lanches, tudo muito caro. Aproveitamos para tomar banho e comprar água. Foi nossa última refeição comunitária, é praxe que os participantes do grupo se cotizem e distribuam algum dinheiro entre os porteadores, guias e cozinheiros e guias, e assim fizemos, foi uma confraternização muito bonita. No dia seguinte seguiríamos com os guias, mas não veríamos mais esse pessoal de apoio. Como nossos sacos de dormir e isolantes iriam embora com eles no dia seguinte pela manhã, nossas mochilas ficaram leves e mais cômodas para serem carregadas.
TERÇA FEIRA
ALOJAMENTO WIÑAYWAYANA / MACHU PICCHU – antes mesmo que as canecas malucas chegassem já estávamos acordadas as 4h. fechando as mochilas, as 4h.30. foi servido o desayuno, todos ansiosos para partir, mas parece que os guias não estavam com muita pressa, é que neste último trecho há um posto de controle que só abre às 5h.30. Passamos pelo controle e lá fomos rumo a Machu Picchu, nem neste dia estávamos livres das escadas, no último trecho é necessário subir literalmente de quatro, usando as mãos para ajudar. Às 6h.40 estávamos na Porta do Sol.
Visão incrível, um verdadeiro cartão postal, não parece real, o que se vê em fotos parece muito limitado quando se chega lá, tudo é muito grande, majestoso, parece que a cidade foi abandonada a pouco tempo. Aguardamos até que o sol nascesse por completo e inundasse toda a cidade.
Quando se chega à Porta do Sol, parece que já se viu tudo de Machu Picchu, mas quando o sol inunda o local, consegue ser mais fantástico, na sequência começamos a descer a trilha em fila indiana em direção a cidade. A chegada dos caminhantes precede a chegada do trem e ônibus que despejam muitos turistas, é necessário aproveitar esse tempo.
Mais um posto de controle de entrada na cidadela, nesse local ficam guardados cajados e mochilas, é interessante pedir para colocar no passaporte um carimbo de visitação. O guia nos levou aos locais principais, explicando detalhes, depois se despediu e disse que poderíamos ficar o tempo que achássemos necessário, não esquecendo que deveríamos nos encontrar com ele em Águas Calientes para pegar o boleto do trem que iria à tarde para Cusco.
Passamos toda a manhã andando por lá, depois pegamos um ônibus às 11h.30h para Águas Calientes, viagem rápida de 25 minutos em estrada de terra. Em Águas Calientes subimos até as termas de águas vulcânicas com piscinas ao ar livre, até então não sabíamos se seria uma boa opção, a princípio não achamos, olhando da passarela água parecia turva, mas depois olhando melhor as piscinas era por causa da areia que fica depositada no fundo, alugamos toalhas (S/3,00 cada) e decidimos entrar (S/10,00 p/ pessoa). São 4 piscinas de água morna com temperaturas variáveis, que vão aumentando de uma para outra piscina, ficamos muito tempo, um descanso para as pernas depois de tantos dias andando. O atendimento no local é de pura gentileza. Tem até um simpático barzinho para aperitivos, mas como ficamos muito tempo na água não houve tempo para o aperitivo.
Descemos para a cidade, são muitas as opções de restaurantes, optamos por um restaurante na rua principal, escolhemos a sopa “criolla”, muito engordurada, a Paula passou mal. Depois do almoço fomos até o lugar combinado para pegar os tickets de trem, que saiu às 16h.20, o melhor lugar é do lado direito, porque a estrada de ferro corre paralela ao rio Urubamba. A estação de chegada é Ollantaitambo, aonde uma van da empresa espera para levar até a Plaza de Armas em Cusco. Chegamos às 19h.30. As lavanderias estavam fechadas, em uma tienda vi um cartaz que informava lavarem roupa, mas a dona percebendo minha necessidade nem pesou a roupa e disse que tinha 5kg., estaria pronta no dia seguinte cedo, S/25,00, o preço estava acima do normal, mas sem outra opção acabei concordando.
QUARTA-FEIRA – CUZCO x NAZCA
Passamos o período da manhã e tarde em Cusco visitando pontos turísticos e a noite fomos para Nazca.
São 3 as principais maneiras de se chegar a Machu Picchu:
Confortável– trem até Águas Calientes e depois ônibus;
Econômica – micro ônibus ou van até Aguas Calientes, completando com caminhada pela hidrelétrica.
Cansativa, emocionante e não tão econômica – Trilha Inca caminhando de Ollantaytambo a Machu Picchu.
Quer chegar a Machu Picchu com mais conforto? Vá de trem!
Para ir de Cusco a Machu Picchu são duas empresas que operam a mesma linha férrea em horários diferentes: Inca Rail e Peru Rail. Os trens terminam seu trajeto na estação de Ollantaytambo, de lá até Machu Picchu a opção é ônibus ou subir caminhando.
Preço das passagens (pode ter alteração).
Preço por trecho na classe econômica US$ 55. No preço da passagem está incluso o ônibus que leva até alguma das estações: San Pedro, Poroy ou Ollantaytambo.
Estação San Pedro – 10 minutos de caminhada da Plaza de Armas, mas é a opção mais demorada, 4h. de viagem., se quiser ir mais rápido tome um táxi e use o trem a partir de Poroy.
Estação Poroy – acesso de táxi ou Uber, em 25 minutos partindo de Cusco, fecha de janeiro a abril que é o período de chuva.
Estação Ollantaytambo – distante de Cusco cerca de 2h. Pode ser acessado após o tour ao Valle Sagrado dos Incas que termina por volta das 15h., avise o guia com antecedência.
ÁGUAS CALIENTES X MACHU PICCHU
Ao chegar a Aguas Calientes de trem, van, micro ônibus, tem mais um trecho para chegar a Machu Picchu que pode ser feito de ônibus ou a pé.
Ônibus – custa aproximadamente S/80 (U$ 24), ida e volta. Alguns hotéis providenciam a compra, evite fila.
Caminhando – saindo de Águas Calientes são 9km. de subida e em Machu Picchu tem muita caminhada dentro do complexo, não recomendo.
Caminhando pela Central Hidrelétrica Machu Picchu – A van deixa no ponto mais próximo de Águas Calientes, o percurso a pé leva cerca de 2h. ao lado dos trilhos de trem em terreno quase todo plano, uma forma econômica.
Na Plaza de Armas as agências de turismo vendem a passagem da van, deve custar S/100 ida e volta. Na volta é preciso estar atento ao horário, esteja em Aguas Calientes por volta das 14h., as últimas vans saem da hidrelétricas as 16h. Duração desse opção é de 6h. de van.
Como foi nossa negociação com agente de turismo
QUINTA FEIRA
Fechei um pacote para fazer a trilha inca ainda no Brasil com a agente Marisol. Viajamos de ônibus de Puno para Cusco, chegamos 5h.30. Pela manhã tentei entrar em contato com a Marisol, várias tentativas via telefone e nada, comecei a ficar preocupada, após muitas tentativas consegui contato com o marido dela que marcou um encontro na Plaza de Armas, conversamos e disse a ele que queria locar também sacos de dormir e acertar mais detalhes, quando disse a ele o preço que a Marisol nos passou por e-mail notei sua cara de espanto. Disse que passaria a noite no hotel para conversarmos melhor, mas nenhum dos dois apareceu.
SEXTA-FEIRA
No dia seguinte fizemos um tour pelo Valle Sagrado, voltando ao hotel liguei para a Marisol, não estava, mas o marido ficou de levar os sacos de dormir ao hotel. A noite chegaram Marisol e o marido Saul. Sua primeira pergunta foi se eu havia levado os e-mails, disse que sim, ela perguntou se não havia recebido um e-mail informando alteração no preço, eu disse que não, inclusive estava abrindo meu e-mail todos os dias. Quando examinou o preço U$175,00 por pessoa disse que o preço estava “loco”, eu deveria pagar U$200,00, disse para ela que não havia a menor possibilidade, pagaria o valor pactuado com antecedência de 30 dias. Depois de muita conversa, resolvi pagar mais U$10,00. O pacote nos dava direito: ônibus até o km. 82, entradas para o Caminho Inca e Machu Picchu, três almoços, 3 cafés da manhã e 3 jantares, barracas para 2 pessoas, isolantes para chão, carregadores para barracas e cozinha, cozinheiro, serviço de 2 guias, ticket de trem para retorno a Cuzco no 4º. dia a partir de Águas Calientes. Sem direito a passagem de ônibus de Machu Picchu a Águas Calientes. Tudo devidamente explicado, pago e esclarecida as dúvidas nos deixou um mapa roteiro, mas apenas um saco de dormir, garantiu que o guia me entregaria o outro no dia seguinte. Eles foram embora e subimos até o quarto para arrumar as mochilas, o que não fosse necessário deixaríamos no hotel.